O Jardim de Academo
- Rodrigo Vinícius
- 16 de jan. de 2017
- 2 min de leitura

O licor amargo do veneno descia a sinuosa garganta de Sócrates como um regato irrigando o campo. Condenado por impiedade o mestre ateniense ingeria cicuta. Defronte seus amados discípulos o mestre adentrava os domínios da morte. Adentrava-o, contudo, sem medo, mas tomado de serenidade e envolvido em sabedoria. Nas palavras do divino Platão – “... entre todos os que nos foi dado conhecer, era o melhor e também o mais sábio e mais justo.”.
Morto por uma democracia gangrenada por inúmeras corrupções, Sócrates que havia levado o diálogo a um status de beleza e reflexão, conduzindo cada homem ao autoconhecimento – “a vida não examinada não vale a pena ser vivida” – havia sido condenado por seus acusadores à morte. A filosofia que desabrochava a luz do sol conheceu um momento sombrio e afugentada do calor da ágora foi se recolher nos arredores de Atenas, onde mais tarde seria fundada a Academia de Platão, isto é, no Jardim de Academo.
1. O Jardim de Academo
Academo, segundo Junito Brandão: “é o que age independentemente do povo, isto é, livremente, como um todo-poderoso. Academo é o heróiático que revelou aos Dióscuros (Castor e Pólux) o local exato onde Teseu havia escondido Helena, raptada pelo mesmo. O túmulo de Academo ficava num subúrbio de Atenas, além do bairro do Ceramico. O sítio, onde fora sepultado o herói, estava cercado por um bosque sagrado, imortalizado por Platão, que aí instalou sua escola, a Academia."
(DICIONÁRIO MÍTICO-ETIMOLÓGICO VOL 1. A-I, JUNITO BRANDÃO).
A Academia de Platão (também chamada de Academia platônica, Academia de Atenas ou Academia Antiga) é uma escola fundada por Platão por volta de 387 a. C. Oterreno que constava no subúrbio de Atenas foi parcialmente comprado por Platão, que, deste modo, morava ao lado da escola. À entrada da academia havia um altar dedicado a Eros, o deus do amor. Também, segundo os estudiosos, a academia rendia culto à Atena, a deusa da sabedoria e para as Musas, patrocinadoras do conhecimento artístico e científico. Num clima de amizade e amor a sabedoria, Platão e seus discípulos – caminhavam por entre o bosque seduzidos pelos mistérios da existência.
Sem o amado mestre Sócrates, Platão dava continuidade aos ensinamentos, abrindo caminho na densa escuridão da ignorância e lançando claridade. A busca pela sabedoria no jardim de Academo era uma ação revolucionária, transformadora, a floração da Paideia, ou seja, a busca do homem integral, virtuoso. O movimento de despertar a flor metafísica chamada alma.
Rodrigo Vinícius
Graduando em Letras Clássicas pela UFPB
rodrigovs_8@hotmail.com
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