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Os Nascimentos de Dioniso

  • Paulo Diego e Danusia Oliveira
  • 5 de fev. de 2017
  • 3 min de leitura

A mitologia é um dos legados mais ricos deixados por nossos ancestrais, sejam os de passado recente sejam os mais remotos. Qualquer cultura, que tenhamos curiosidade de conhecer, nos ensinará, através de seu repertório de mitos e deuses, sua relação com a natureza, seu entendimento sobre os mistérios do cosmos, e como parte integrante dele, suas inquietações acerca da nossa própria condição enquanto seres humanos, nos ensinará sobre nós mesmos. Estudar outra cultura e sua respectiva mitologia é vivenciar parte do passado. Para o estudo dos mitos é necessário cuidado e desprendimento, estudá-los é uma oportunidade única de exercitarmos a habilidade de desconstruir pré-conceitos e nos colocarmos no lugar do outro.

Zeus, metamorfoseado em serpente, une-se a Perséfone - deusa associada ao ciclo anual de morte e renascimento da natureza, que no outono e inverno habita o misterioso mundo subterrâneo, e na primavera e verão ascende ao olimpo para juntar-se aos deuses. Segundo a tradição Órfica, dessa união nasce o deus Dioniso-Zagreu.

Zeus, rei dos deuses, oculta Dioniso no monte Ida sob a guarda dos Curetes – o mesmo lugar e mesmo guardas que cuidaram de Zeus enquanto criança – pretendendo tornar Dioniso seu sucessor. Hera, esposa de Zeus, por ciúmes, incita os poderosos titãs, filhos de Gaia, a matar a criança. Ardilosamente os Titãs atraem o pequeno Dioniso com brinquedos e despedaçam-no, cozinham seus pedaços e o comem, restando apenas seu coração, salvo pela deusa Atena, enviada por Zeus. Após punir os titãs, Zeus implanta o coração da criança em Sêmele para que ela lhe conceda um segundo nascimento, e assim renasce Dioniso.

Baco, Zagreu, Dioniso, uva, vinho, embriaguez, epifania religiosa, festa, teatro, orgia, prazer: muitos são os nomes, muitos são os atributos associados a tão complexa divindade e muitas, também, são suas representações. Outra importante versão acerca da origem de Dioniso nos ensina que uma união divina entre os olimpianos Afrodite e Ares - deusa associada entre outras coisas ao amor e o deus associado principalmente à guerra – gera, dentre outros frutos, a deusa Harmonia, que foi entregue como esposa à Cadmo, rei de Tebas. Dessa união entre divindade e humano nasce Sémele, de beleza inconfundível entre as mortais.

Zeus, encantado pela beleza de Sémele, a seduz, a engravida e promete que realizará o que quer que ela deseje. Porém Hera, esposa de Zeus, descobre a traição de seu marido e ardilosamente convence Sémele a pedir que ele se mostre em todo seu esplendor. Sem meios de quebrar o juramento, o deus se mostra a Sémele com seus raios e a fulmina, mas rapidamente salva seu filho, ainda por nascer, e o implanta em uma de suas coxas. Da coxa do rei dos deuses, ao fim do processo de gestação, nasce Dioniso, que então é levado pelo próprio Zeus para o monte Nisa, para, lá, ser criado e educado por Ninfas.

Todas as culturas guardarão sua individualidade, exibirão as peculiaridades de seu ambiente, seus costumes e sua língua dentro de suas respectivas narrativas míticas, porém todas convergirão para questões comuns e fundamentais a nós seres humanos. Em sua maioria, provindas da cultura popular e da tradição oral. Quase todas serviram de fonte para grandes monumentos da literatura, de Homero passando por Shakespeare ao Macunaíma de Mario Andrade.

Graduanda em Letras Clássicas pela UFPB

danusia-oliver@hotmail.com

Graduando em Letras Clássicas pela UFPB

paulo.diegorb@gmail.com

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